Nasci nos anos 80 e, como a maior parte das pessoas da minha geração, vivi uma infância completamente diferente da que os miúdos hoje vivem. Ter um computador era um luxo a que muito poucos tinham acesso e telemóvel... Bem, só tive telemóvel aos 17 anos.
É certo que a sociedade evolui - e ainda bem que é assim - no entanto, sinto pena das crianças que nasceram nesta era das tecnologias, não porque elas não sejam importantes, mas porque fizeram com que muitas delas deixassem de saber brincar verdadeiramente, inventar jogos, correr pelas terras, sujar os pés, cair...
Podemos, actualmente, fazer muitas coisas sem sair de casa, bastando para isso ter um computador com ligação à Internet, todavia... Pois é, não sei se é a idade que já começa a pesar, mas considero que há prazeres insubstituíveis na vida. Um sms ou um mail não substituem, com toda a certeza, uma carta manuscrita, uma fotografia digital não cria o mesmo impacto que uma fotografia que precisa ser revelada...
Se as nossas crianças conhecessem o prazer que dá escrever uma carta e esperar ansiosamente pela resposta, se conhecessem o prazer que dá ir ao fotógrafo pôr um rolo de fotografias a revelar... Mas não conhecem! Vivem numa época em que tudo acontece bastante rápido, em que saber esperar deixou de ser uma virtude, em que a perfeição é incessantemente procurada, em que o sonho foi trocado pela realidade imediata... Ai, como eu gostava de lhes poder dizer que a perfeição não existe, que as relações entre as pessoas só são verdadeiras in praesentia, que correr, saltar e pular são coisas essenciais na vida, que dar um beijo a um amigo não é o mesmo que enviá-lo virtualmente, que o sonho é o que dá alento à nossa existência... Tal como dizia o poeta, "pelo sonho é que vamos".
7 comentários:
Acho que ainda não sabemos bem o que irá ser dessas crianças quando crescerem. Talvez elas venham a dar mais valor ao contacto pessoal e ao "estar com" 'in praesentia'.
Se nós não tivémos computadores e telemóveis mais cedo é porque não estavam ao nosso alcance.
Nós também vivemos neste mundo imediato. Qual de nós consegue enviar numa carta manuscrita por correio postal uma notícia importante ou um pedido urgente? (E o que não é importante ou urgente?) E quem aguenta mais dois dias de espera pela resposta? O que significa que nós também já não sabemos esperar. E se os filhos querem um telemóvel para enviar sms aos amigos por que razão esperar que tenha 18 anos para lho dar se os pais não sabem o que fazer se o filho tardar em chegar a casa?
O problema, na minha opinião, é que os filhos precisam da mesma atenção de sempre, senão mais, e as mães têm cada vez menos tempo para esperar...
o ser humano caminha inexoravelmente para a morte e isso sempre provocou nele o desejo da imortalidade e a sofreguidão da rapidez!Se hoje as máquinas digitais revolucionam tudo,outrora foram os correios que permitiram os contactos por carta...mas nadaa acabou!a rádio,dizia-se,que ia acabar com a tv e,no entanto, "we still love" radi..o!(Queen) É claro que tudo muda:o que hoje é rápido amanhã está decrépito, mas o que quero dizer é que o homem, na sua curta existência, quer descobrir sempre mais, avançar e conquistar cada vez mais tempo ao tempo!Vencer a mort, superar medos, ultrapassar passado.As tecnologias sempre existiram:quando a roda surgiu foia loucura...
Chama-se a isto evolução. Se os homens das cavernas tivessem portáteis não escreviam nas paredes!!
Eu sei que as tecnologias sempre existiram e que são bastante importantes... Aliás, refiro a sua pertinência no post... O problema passa pela dependência que os miúdos criaram em torno delas.
É verdade que eu hoje também não sei viver sem trocar sms e mails, mas também sei escrever uma carta e atribuir-lhe o devido valor.
In praesentia... assim que li esta expressão deu-me uma vontade súbita de ir correr nú rua fora e só voltar quando o presidente do Gil Vicente relatasse a sua visita ao Zoo de Lx. Habeas Corpus, era sempre engraçado e tinha o seu quê de romântico esperar que o rapazola dos CTT viesse todo encharcadinho trazer o correio até nossas casas. Agora, et pluribus unum, parece-me aqui que se está a fazer in media res um tipo de análise que, a priori, não deixa de ser, in vino veritas, muito post scriptum.:) Um beijinho muito grande para a Babá, uma companheira da praia do resort do Cabedelo, que continue a escrever com ad hoc mais frequência! Sic/TVI/RTP1
Pois Bem...
Quando refere que não sabe se é da idade... apenas nasceu nos anos 80 não é... isso não será um sintoma de querer crescer rapido demais... penso que ainda esta na flor da idade... o grande problema é as nossas crianças quererem crecer rapido demais... tudo a seu tempo...
O Problema sobre o qual opina não sera antes o problema de educação?... e não, o do aceeso á tecnologia?...
Hoje em dia os pais demitem-se da responsabilidade de educar os filhos... dando essa responsailidade aos professores... devendo estes apenas complementar a educação de "casa"... imagine uma criança que nasce e cresce em frente a uma televisão, com um professor sem vocação... terrivel.
Mas... "Mundam-se os tempos mudam-se as vontades" e ainda bem que assim é.
Está numa boa profissão para poder mudar o futuro e o presente a algumas criaças... por vezes e só necessário coragem e passar á ação...
Vamos é lutar por uma educação melhor... ensinar os pais a serem pais... porque niguem nasce ensinado, apenas é um produto do meio em que vive...
Este texto está lindo e partilho a mesma opinião que tu, certas coisas perderam a beleza, com tanta tecnologia à nossa volta, se gostas de poesia passa no meu blog...
fica bem!
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