Ser portuguesinho!

Relativamente ao povo português, sem dúvida que o que mais me irrita e ao mesmo tempo me faz rir é aquele conjunto de pessoas que ostenta ser aquilo que realmente não é.

Aquele tipo de portugueses que veste fatos claros e bastante coloridos, que fala muito alto ao telemóvel e que muitas vezes repreende os filhos sem motivo aparente.

Aquele tipo de portugueses que adora conduzir um descapotável verde-alface a grande velocidade, que traz o cachecol no banco de trás do automóvel e que ouve música com o volume no máximo.

Aquele tipo de portugueses que, ao passar, deixa no ar um horrível cheiro a suor misturado com um odor exagerado de perfume, que compra os quadros do menino com uma lágrima ao canto do olho, os Cd's da Ágata e o galo de Barcelos.

Aquele tipo de portugueses que todos os Domingos vai ao futebol (vestido a rigor com o equipamento do seu clube), que chama nomes aos árbitros e que acaba à porrada com os adeptos da equipa adversária.

Aquele tipo de portugueses que, na altura do EURO, ergueu bem alto a bandeira nacional, mas nunca leu um Camões, um Eça, um Pessoa ou um Saramago.

Aquele tipo de portugueses que lê a Maria e a TV Guia, que vê o Big Brother e a Quinta das Celebridades, que sabe de cor o enredo das telenovelas brasileiras e das portuguesas da TVI.

Aquele tipo de portugueses que tem mais do que um telemóvel, que toma todos os dias o pequeno-almoço na pastelaria, que tem dívidas em todas as lojas.

Aquele tipo de portugueses que vive sob o fanatismo religioso, que possui uma mentalidade tacanha e que é intelectualmente ignorante.

Em suma, aquele tipo de portugueses que, de meia branca, unha do dedo mindinho comprida e fio de ouro ao pescoço, se julga superior aos outros. Se não fossem os palavrões e as cuspidelas para o chão, eu até acreditaria nessa superioridade!