segunda-feira, dezembro 28, 2009

O amanhã é sempre melhor ...

É comum ouvirmos as pessoas mais velhas dizerem que a juventude está perdida e que antigamente é que era bom. Conversas de velhinhos com pantufas de lã nos pés ou de indivíduos que ainda defendem, vá-se lá saber o motivo!, a existência de um novo Salazar para pôr o país na ordem.
Sinceramente, até acho uma certa piada ao modo de pensar dessa gente conservadora, presa ao passado e que se julga detentora da suprema sabedoria. Faz-lhes falta, sem dúvida, uma certa perspectiva histórica, pois já os autores clássicos diziam que os jovens estavam a perder os bons costumes, já não respeitavam os mais velhos e as leis.
Enfim, todas as gerações adoptam o preconceito doentio de que a geração posterior à sua é sempre pior, mas não nos podemos deixar ir em cantigas. Hoje é muito melhor do que ontem. As nossas crianças têm uma educação muito mais completa da que nós tivemos. As nossas crianças não são obrigadas a reproduzir, tal como papagaios, os rios e as serras de Portugal. As nossas crianças aprendem a pensar por elas próprias e a não aceitar conformadamente tudo aquilo que os adultos lhes tentam, a todo o custo, impingir.
Por isso, não dêem ouvidos a todos aqueles que elogiam o “antigamente” de uma forma saudosista.
O amanhã, ainda que não sendo perfeito, é sempre melhor que o ontem!



8 comentários:

sim disse...

"O amanhã é sempre melhor..."
concordo plenamente que hoje as crianças crescem num ambiente muito mais saudável, aberto sincero.
Hoje há uma abertura muito maior com os nosos jovens,as verdades não se escondem e a aprendizagem é natural, sem se forçar. Hoje as nossas crianças vão para a escola porque gostam, e não porque são obrigadas.

Joana Pinto disse...

Subscrevo inteiramente! O amanhã é sempre melhor, pelo menos assim é a nossa obrigação, pois para trás sabemos sempre, seja bom ou mau, o que temos...

NP66 disse...

Vou dizer-te algo que se dizia "no meu tempo" (só mudam os números):
desejo-te um excelente 2010! :)

(sobre o assunto "geracional"... não me vou pronunciar muito: dizer-te apenas que "no meu tempo" também aprendi a pensar por mim próprio e a não aceitar conformadamente tudo aquilo que os adultos me tentaram, a todo o custo, impingir. E - imagina tu - passei momentos fantásticos de aprendizagem "fora da escola a tempo inteiro" em que trancaram agora os "nossos meninos"!)

Beijocas ;)

Bárbara Quaresma disse...

Foste um privilegiado, Nelson! Nem todos tiveram essa sorte...

As crianças hoje têm acesso, através da escola pública, ao inglês, à música e a tantas outras actividades que só as vêm enriquecer.

"No meu tempo", a escola não facultsva essas actividades, e, por isso, poucos tinham acesso a elas.

Continua a existir tempo para as brincadeiras; cabe aos pais a tarefa de, com os filhos, reinventarem formas de brincar mais tradicionais.

Não há tempos perfeitos, mas o amanhã é sempre melhor...

Sendo assim, um excelente 2010!

NP66 disse...

Bárbara: eu não aprendi inglês e música na Primária... aprendi um pouco depois... e ainda fui a tempo de conseguir aprender o suficiente para tirar um Bacharelato e uma Licenciatura, como sabes! :)

Mas há uma grande diferença entre mim e a minha filha, que agora tem tudo isso que referiste: eu era mais feliz... e tinha "menos" do que ela tem!

É que eu não tinha AEC's... mas tinha a rua para brincar e andar de bicicleta, a praia à porta de casa, a piscina não muito longe... mais tarde os campos, os barrocos, as árvores para trepar... lia o que queria e não o que um qualquer "Plano Nacional de Leitura" dizia que eu tinha de ler... :)

As AEC's estão mal pensadas, Bárbara... na sua essência! E os profissionais que as leccionam são mal pagos e "maltratados" (e por aqui me fico...)!

O que fazia mais sentido para mim (e creio que chegámos a falar disso) é que - atendendo a que, no essencial, o seu conteúdo é curricular - todas essas áreas fossem dadas em coadjuvação com os professores titulares de turma... o que, aliás, a Lei de Bases do Sistema Educativo permite! Isso permitiria acabar com os "recibos verdes" a que muitos de vós estiveram obrigados (ou ainda estão?).

No caso do Inglês... se é assim assumidamente tão importante e tão basilar... por que não o coloca o Governo no Plano Curricular do 1.º Ciclo?!

Mas isso seria outra conversa... :)

Bom 2010! Beijocas!

Nuno disse...

Há aqui duas coisas que eu gostaria de comentar: O teu post (a) e o comentário de NP66 (b).

(a) - Não te podes esquecer que a esmagadora maioria dos portugueses tem a memória curta. Quantas vezes eu ouço dizer "Volta Salazar, estás perdoado"! E eu fico indignado ao ouvir isto porque, geralmente quem afirma isto, não viveu durante o Estado Novo. Não faz ideia dos sacrifícios que era preciso fazer e das dificuldades que se sentiam. Podem argumentar que Salazar nos deixou muito ouro, mas esquecem-se de que deixou tudo por fazer! Hoje podemos ter uma dívida externa muito grande, um défice difícil de combater, mas temos condições de vida muito melhores do que antigamente. Hoje, apesar de toda a pobreza e do desemprego, existe apoio social que garanta a sobrevivência das pessoas. Antigamente, uma sardinha tinha de ser partilhada por três pessoas e não era todos os dias. Hoje deita-se comida fora; Antigamente, não havia os cuidados de saúde que há hoje; Antigamente não havia segurança social, como há hoje... Dizerem que hoje estamos piores é uma afronta.

(b) - A ideia das AEC nem está mal pensada. A minha opinião relativamente a isto é de que, hoje em dia, a oferta na Educação é excelente. Claro que a implementação pode falhar e há alguns aspectos que deviam ser revistos urgentemente. Mas tudo o que é AEC, CEF, EFA, Cursos Profissionais... são mais valias! Se na altura em que estava a estudar tivesse essa oferta, provavelmente o meu percurso no ensino superior estaria facilitado. O problema é que, nos CEF, por exemplo, estes cursos são vistos como um escape, onde colocam todos os alunos que não querem estudar ou que estão em risco de abandono escolar. Pela experiência que tenho em formação nestes cursos, tenho a dizer que estes são fantásticos e tenho pena que, efectivamente, eles não sejam levados com a seriedade que deviam ter por parte dos alunos ou de quem os "manda" para lá. Acho que as AEC, na sua essência, estão bem pensadas, ao contrário do que diz NP66. Estas permitem oferecer aquilo que, de outra forma, só estaria ao alcance de alguns (pouco), como o ensino da música, por exemplo. Porque a música não é brincadeira. Ela permite o desenvolvimento cognitivo, o sentido de responsabilidade... com todas as repercussões que ela traz. O problema dos recibos verdes não está directamente relacionado com as AEC. Aliás, tendo em conta a precariedade que os recibos verdes originam, já deviam era ter acabado há muito tempo, pelo menos nos moldes actuais.

NP66 disse...

Comentando o comentário do Nuno ao meu comentário:

Tudo o que diga respeito a CEF, EFA... Novas Oportunidades... etc, não me vou pronunciar muito porque "não estou por dentro". Mas pelo que me dizem muitos professores amigos... há muita demagogia e pouco proveito (por parte dos alunos que os integram) à volta de tudo isso! Mas adiante... se calhar há muitos outros que leccionam nessas áreas e terão outra opinião!

Mas quanto às AEC's... aí eu estou por dentro. E estou e estive por dentro como professor titular de turma, como coordenador de escola e como supervisor das ditas. E mais: também como pai! E continuo a dizer que, no essencial, estão "mal pensadas"... porque estão "no sítio errado"! E já expliquei porquê... se souberem ler o que escrevi! Elas são vistas como um "prolongamento para se guardarem os meninos enquanto os pais estão a ser explorados no trabalho"! Por quem? Por parte de muita gente... inclusive PAIS! Ok, assumo a responsabilidade pela afirmação. :)

Digo mais: foram e continuam a ser potenciadoras de indisciplina... e com isto não estou a culpar os professores que as leccionam. Mas é o próprio "sistema" e a sua "natureza" (e o horário) que a isso levam! Podia fazer-se um "tratado" sobre estes assuntos... :)

Por isso tudo assumo a minha posição quanto a estarem "mal concebidas"... porque não deviam ser "de enriquecimento curricular"... mas sim CURRICULARES... como, no essencial de todos os programas que li... o são, de facto!

De "enriquecimento curricular" deveriam ser actividades com OUTRAS "matérias" que não estejam contempladas de modo EXPlÍCITO nos Programas, como estão a Educação e Expressão Física, a Musical, a Dramática e a Plástica!

Para bom entendedor... :)

Abraços

NP66 disse...

Ainda e agora mais a propósito do que tenho vindo a falar (há vários anos, aliás), recomendo a leitura... e, se concordarem, a assinatura e a divulgação:

http://www.fenprof.pt/AbaixoAssinado/1CEB/