domingo, março 01, 2009

Associações culturais

As associações culturais, enquanto agentes de transmissão de identidade cultural e transformação social, adquirem extrema importância numa determinada região. O que torna realmente um concelho atractivo é, na minha opinião, a diversidade de ofertas em termos culturais. Desde bandas filarmónicas, ranchos folclóricos, grupos de teatro, marchas populares, clubes desportivos, entre outros, o importante é existir ofertas para todos os gostos, tentando chegar cada vez mais próximo da população.
O direito à livre associação constitui, assim, uma garantia básica de realização pessoal dos indivíduos enquanto seres sociais, e é pena que, actualmente, o associativismo tenha vindo a perder terreno na sociedade. São cada vez menos as pessoas que fazem parte de um grupo cultural, que dão um pouco de si em prol da comunidade em geral, sem que, para isso, tenham de receber algo em troca.
Sempre reconheci a importância das associações culturais na formação plena dos indivíduos, mas isso sou eu, que tive a sorte de ter pais que estiveram sempre ligados a associações e me incentivaram a isso. No entanto, e porque “não há bela sem senão”, não posso deixar de manifestar o meu total desagrado por alguns aspectos que vão caracterizando, de uma maneira geral, algumas associações e que prejudicam, a meu ver, o seu bom funcionamento e credibilidade das mesmas perante a população em geral. Sem mais rodeios, dizer que abomino todo e qualquer aproveitamento dos bens materiais das associações em benefício pessoal; todas aquelas pessoas que, por pertencerem à família ou serem amigas de elementos que fazem parte das colectividades, se acham no direito de acompanhar os grupos, sejam eles folclóricos, teatrais, ou o que quer que sejam, para qualquer sítio que vão, comendo e bebendo à custa do grupo ou da organização que os convidou, e achando-se com os mesmos (ou mais, até!) direitos do que os que dele fazem parte; todas aquelas pessoas que criam cargos que nunca existiram nas colectividades, ou que nunca foram necessários, apenas com o objectivo de fazerem incluir nos grupos pessoas que, de outra forma, nunca lhes pertenceriam.

Bárbara Quaresma (sócia executante de uma colectividade há dezassete anos, por mérito próprio, claro!)

6 comentários:

Joana Pinto disse...

Pois, Bárbara, de facto, as associações estão a definhar aos poucos...Ondo moro algumas resistem,mas os interesses e a queda demográfica vão condenando-as aos poucos...

Nuno disse...

O problema maior das associações é as pessoas que estão à frente delas não serem remuneradas. Toda a gente sabe que, hoje em dia, é o dinheiro que comanda as pessoas. Já muito pouca gente se mete em aventuras que não dão dinheiro, já quase ninguém se mete em aventuras apenas por amor à camisola. Infelizmente. Outros valores falam mais alto e é sempre melhor estar num café com os amigos, na "descontra", do que a "malhar o coiro" e a arranjar dores de cabeça por algo que não dá prov€ito. É a sociedade em que vivemos...

Beijinhos,
Nuno.

PB disse...

Os tempos da carolice estão cada vez mais distantes...
Beijinhos

Anónimo disse...

A questão é mesmo essa, Nuno... Enquanto as pessoas apenas se moverem pelo dinheiro, as associações não vão longe. O Associativismo não é isso,pelo contrário: é trabalhar em prol da cultura, de um povo, um grupo....eu, jamais pertenceria a uma Associação pelo aspecto monetário!...Pertenço sim porque considero que há valores mais importantes....
Na verdade, sou ainda daquelas pessoas que trabalha por amor à camisola...afinal "a sociedade em que vivemos..."não é tanto assim!

Nuno disse...

Marina, tens toda a razão. Enquanto o dinheiro comandar as pessoas, as associações têm o futuro negro. O pior, é que quando as associações fecham as portas, essas pessoas são as primeiras a criticar e a dizer que ninguém faz nada, que nada acontece... Enfim. É preciso uma paciência para aturar esta gente!

Beijitos,
Nuno.

seixomirense disse...

Essas situações de aproveitamento por parte de familiarese amigos acontecem em todo lado pelos visto. Com uma sociedade cada vez mais individualista e com cada vez mais dificuldades económicas não é fácil ter tempo e motivação para nos darmos em associações.